Tecnologia e infância: os impactos das telas no neurodesenvolvimento infanti : Por Dra. Isabel Lacerda – médica, pós-graduada em Neuropediatria
Por Dra. Isabel Lacerda – médica, pós-graduada em Neuropediatria
Vivemos na era digital. Tablets, celulares e televisores fazem parte do cotidiano de quase todas as famílias. Crianças cada vez mais novas são expostas a telas, muitas vezes antes mesmo de aprenderem a falar ou andar. Diante dessa realidade, muitos pais se perguntam: qual o impacto do uso precoce de tecnologia no desenvolvimento neurológico infantil?
A neuropediatra Dra. Isabel Lacerda traz um alerta: o uso excessivo e precoce de telas pode afetar negativamente o neurodesenvolvimento, especialmente nos primeiros anos de vida — fase em que o cérebro está em formação acelerada.
📱 O que a ciência diz?
Estudos recentes mostram que a exposição prolongada às telas está associada a:
Déficits de atenção e concentração
Atrasos na linguagem e na fala
Dificuldades de socialização
Sono irregular e agitado
Maior risco de comportamentos ansiosos e irritabilidade
Esses efeitos não são causados pela tecnologia em si, mas pela substituição de experiências reais por estímulos artificiais. “O cérebro infantil se desenvolve por meio do contato humano, do brincar livre, da conversa, do toque e da exploração do ambiente físico. A tela não oferece essas interações”, explica Dra. Isabel.
🧠 Até que ponto o uso é saudável?
A recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) e da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) é clara:
Menores de 2 anos: nenhuma exposição a telas (nem como distração durante refeições)
De 2 a 5 anos: no máximo 1 hora por dia, com supervisão e conteúdo educativo
Acima de 6 anos: uso moderado, com limites bem definidos e equilíbrio com outras atividades
💡 O papel da família na mediação digital
Dra. Isabel reforça que o diálogo e o exemplo dos adultos são fundamentais. “Não se trata de demonizar a tecnologia, mas de usá-la com consciência. A presença dos pais, o brincar ao ar livre, a leitura de histórias e o contato com outras crianças são insubstituíveis.”
Além disso, é preciso observar o comportamento da criança diante das telas. Se há dependência, birras quando o acesso é negado, dificuldade de foco ou problemas no sono, é hora de repensar os hábitos.
✅ Dicas práticas da Dra. Isabel Lacerda:
1. Evite telas antes de dormir – A luz azul atrapalha o sono.
2. Priorize atividades sensoriais e motoras – Massinhas, blocos, pintura e brincadeiras ao ar livre.
3. Dê o exemplo – Reduza também seu tempo de tela quando estiver com seu filho.
4. Converse com a criança – Explique os motivos dos limites com amor e firmeza.
5. Observe os sinais – Qualquer alteração no comportamento ou desenvolvimento deve ser acompanhada por um especialista.
🌱 Conclusão
A infância é tempo de viver o mundo real com todos os sentidos. A tecnologia pode ser uma aliada, desde que usada com equilíbrio e consciência. A neuropediatria está aqui para orientar e apoiar as famílias nessa jornada.
“Cuidar da infância é proteger o cérebro em formação. E isso começa com escolhas simples no dia a dia.” — Dra. Isabel Lacerda
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